Certa vez, assumi um cargo de liderança junto a um grupo qualificado na área de TI (Tecnologia da Informação), a maioria com formação superior ou estudantes. A minha experiência com TI nunca havia passado do meu notebook e do meu celular, mesmo assim, só resolvia algo acionando o atendimento técnico das prestadoras de serviços.
Todavia, no primeiro dia como gerente do departamento, convoquei uma reunião com os três técnicos mais qualificados e lhes disse: Não entendo absolutamente nada de TI. Tudo que vocês disserem tomarei como verdade. Serei apenas uma voz. Qual feedback recebi ao me permitir ser vulnerável? “Nossa! Nunca um chefe deste setor nos convocou para uma conversa. Só nos davam ordens. Você começou muito bem. Esperamos que continue assim.”
A partir desse dia e por mais dois anos mantive o grupo sob a minha gestão e tudo, absolutamente tudo que eu desejei implementar obtive êxito, pois convocava a equipe para dialogarmos e alinharmos o passo a passo em direção às nossas metas. Respeitava literalmente a opinião de cada colaborador e a maioria decidia a melhor forma de executarmos o trabalho.
Esta experiência foi bem-sucedida, contudo o objetivo deste artigo não é falar de mim, e sim compartilhar um conceito que ajudará você a manter sua equipe mais harmoniosa, motivada e produtiva.

O conceito é: ESTEJA ABERTO AO FEEDBACK
Antes de me aprofundar no artigo irei esclarecer o que entendo por “líder”.
Líder é aquele que assume a responsabilidade de gerenciar e descobrir potenciais em seus colaboradores. Para mim, este é um líder ousado, que está aberto e não tem temor em ser vulnerável diante do seu time. Ele da e também aceita receber feedback honesto e acredita verdadeiramente no uso efetivo dessa ferramenta de desenvolvimento humano como estratégia para manter o time unido e produtivo.
Como coach, usando a arte de fazer perguntas, aqui faço a primeira: você usa feedback para gerenciar seu time e aumentar a sua produtividade? Se sua resposta for sim, parabéns, você é um líder corajoso, ousado, que acredita no maior patrimônio da sua empresa. Se sua reposta for não, tudo bem; busque tomar conhecimento desse instrumento maravilhoso e você verá o quanto se tornará um líder mais eficiente, produtivo, ousado e querido.
Lembre-se de nunca esquecer de aceitar novas ideias, questionamentos, críticas e comentários que parecem bobagens, mas pode ser a porta de entrada da criatividade e inovação. Líderes precisam saber ou entender que se abrir diante dos colaboradores, se permitir ouvir na essência é ser vulnerável; isso é maravilhoso, libertador, ousado e possibilita que as pessoas sejam como elas são: criativas, críticas, solidárias, emotivas e intuitivas.
O verdadeiro líder se coloca diante de tudo isso com o coração e a mente abertos para receber retornos positivos e negativos, pois sabe que é a partir do diálogo franco e verdadeiro que seu time passará a gostar e a colaborar ainda mais com o desenvolvimento da empresa. Afinal, é exatamente isso que os líderes buscam o tempo todo – resultados. Alerto: Não se engane. Feedbacks honestos são perturbadores.
No livro “Fora de si: aprender a ser criativo”, Ken Robinson, consultor internacional em educação nas artes para governo, organizações sem fins lucrativos, educação, artes, é enfático ao argumentar sobre a necessidade de alteração dos velhos paradigmas nos quais as instituições funcionam como máquinas. Ele chama a atenção para lembrarmos que instituições, escolas e empresas são produtos da força de trabalho humana.
A respeito disso, Ken Robinson escreveu: “Por mais sedutor que o exemplo da máquina possa ser para a produção industrial, organizações humanas não são máquinas e as pessoas não são peças de uma engrenagem. Seres humanos têm valores, sentimentos, percepções, opiniões, motivações e histórias de vida, ao passo que engrenagens e rodas dentadas não os têm. Uma empresa não é a instalação física dentro da qual opera; é a rede de pessoas que nela atua.”
Por fim, líderes, sejam ousados, pois humanizar o trabalho, dar e receber feedback exige líderes ousados, que ouvem na essência seus colaboradores, que se colocam diante da equipe não como o “sabe tudo”, mas como aquela pessoa aberta a aprender e a buscar melhores resultados a partir da sua própria vulnerabilidade. Este é o convite e o desafio.

